Tuesday, October 16, 2012

Dia dos Professores





    No dia dos professores, segue uma história da época da GV. Grande escola. Deu trabalho para me formar, mas a verdade é que guardo boas recordações daquela merda. Dentre tantos mestres ilustres, escolhi um pouco conhecido: o Pinto, de Matemática-III. Quem estudou por lá haverá de dizer: “Pera lá, essa matéria não existe no curso”. Sim, existe. Pode chegar até Mat-IV, inclusive. Se você não sabe é porque não bombou em Mat-II.
    O Pinto era um sujeito alto e troncudo. Tinha mãos tão grandes que faziam um giz normal parecer grafite de lapiseira. Era engraçado como ele segurava aquele pedaço de giz com todo cuidado para não esmaga-lo acidentalmente. Aliás, taí um professor que sabia ser duro: suas provas eram difíceis e trabalhosas. Mas apesar do terror que impunha à sala (taxa de reprovação beirando os 40%), era boa pessoa. Bonachão, eu diria. Só ficava nervoso com o entra-e-sai dos alunos. Certa vez, fora de si, tentou equilibar uma cadeira entre o chão e a maçaneta da porta, como nos filmes de interrogatório, para impedir o retorno dos egressos. Não funcionou. Só dá certo no cinema. A cadeira caiu, a classe riu... Enfim, trágico.
    Quanto às aulas, tenho pouco a dizer. Como um bom jumento em Geometria Analítica, eu me contentava em observar enquanto de uma equação na lousa ele fazia surgir um guarda-chuva. Uma rápida manipulação nas variáveis e o guarda-chuva abria e fechava, pingando gotas d’água no eixo “z”. Fascinante.
    O que mais me marcou, no entanto, foi uma passagem de final de semestre. Terminada a aula, precisando de nota, persegui o Pinto pelo corredor do quinto andar, o do Rockafé. Queria uma revisão de prova. Tarefa ingrata, o Pinto costumava ser irredutível.
    Impaciente, mas sem perder o bom humor, o professor entrou no elevador lotado e apertou o botão do IMQ (“Informática e Métodos Quantitativos”), departamento hostil de onde aluno algum retorna com vida. Recuei. Do corredor, apenas observei enquanto ele estendeu o braço na minha direção e profetizou, alto:

    “Francisco, alea jacta est!”.
   
 E a cortina a porta do elevador se fechou na minha frente após ele terminar a frase. Dramático...




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