Thursday, July 18, 2013

Como sabotar uma reunião de trabalho?




(versão para o setor público)


    Quando uma reunião se prolonga além do razoável, e a objetividade parece ter sido perdida de modo irrecuperável, pode não restar outra alternativa. Seguem, então, algumas dicas (se não para a impossível missão de encerrá-la, pelo menos para divertir-se com ela).


    1) Levante uma questão polêmica sobre um tema desimportante e alheio ao objeto da reunião.
    Exemplo: "Essa é uma questão ideológica. Será que é papel do Estado intervir nisso?"


    2) Se alguém reclamar, nunca recue. Defenda a importância do assunto. Diga que ele é fundamental e que não é possível prosseguir sem um consenso. Aplique um neologismo. Pega bem.
    "Sem consensar previamente esses conceitos nunca chegaremos a uma proposta final."


    3) Faça reclamações genéricas sobre problemas insolúveis.
    "O brasileiro é assim, isso é questão de educação. É preciso mudar a cultura do povo."


    4) Abuse das referências ao passado. Cite nomes que ninguém conhece, mas já ouviu falar. De preferência, falecidos, que não podem te desmentir.
    "No tempo do Covas era diferente..."


    5) Este item vem a reboque do anterior. Se você souber de cor um histórico razoável de Departamentos extintos, Secretarias fundidas, ex-secretários e boatos de procedência duvidosa... É a hora de usá-lo.
    "Quando o Fulano era Secretário, ele fundiu a PQP com a TNT e entregou pro Beltrano de porteira fechada. Mas aí mudou o governador e separou tudo de novo."


    6) Quando um ponto parecer exaurido e a discussão terminada, questione-o em suas premissas mais básicas. Evite detalhes, neste caso.
    "Espera um pouco. Estamos assumindo que haverá colaboração dos parceiros, o que não é verdade. Precisamos recomeçar do zero!"


    7) A reunião, enfim, terminou. Antes de ir embora, aproveite para vingar-se com uma ressalva que desanime o pessoal.
    "Agora precisa ver se vão concordar lá em cima. A gente faz a nossa parte, mas sem apoio político nada vai pra frente."




Wednesday, July 17, 2013

Segunda Mão - Maurício Romiti





                                              
                                     - - - - - - Texto enviado por Maurício Romiti - - - - - - 



    Esta é meio gênios do marketing, meio gênios do mal; bem no estilo daquela estorinha do cara que aumentou o buraco do tubo da pasta de dente pra fazer vender mais - mal sabia ele que era só diminuir o tamanho do tubo sem reduzir o preço.
    Enfim, vamos ao que interessa. Faz pouco tempo as redes de supermercados vieram com um papo de não distribuir mais sacolas plásticas para ajudar o meio-ambiente, uso consciente, blá blá blá. Sinceramente, todo mundo sabia que era pra reduzir custos e ponto.
    A reação da freguesia, claro, não foi das melhores e, no final das contas, voltaram com as benditas sacolinhas de plástico.
    E agora vem o pulo do gato: ainda no ímpeto de reduzir o custo com as tais sacolinhas, encontraram uma forma de diminuir a demanda. "Vamos inverter a cadeia!" disse o diretor de engenharia. O marqueteiro não entendeu nada e achou que ele queria prender alguém.
    "Ora, se as pessoas gostam tanto de levar as sacolinhas pra casa, não deve ser só pra chegar lá e ter o trabalho de jogá-las no lixo..." prosseguiu ele. "Mete uns furinhos no fundilho dela!"
    E lá se foi a maior funcionalidade da sacolinha plástica. Agora, colega, você vai ter que comprar sacos de lixo de verdade. Ou lavar constantemente sua lixeira. Genial...






Monday, July 15, 2013

Segunda Mão - Faça você mesmo





- - - - - - Texto enviado por Diogo Oliveira Santos - - - - - - 



O tanque estava entupido. Imaginei que seria um serviço fácil desrosquear o copo do sifão, tirar a sujeira e colocá-lo de volta. Mas não foi. Primeiro, foi necessário afastar a máquina de lavar e me sentar no chão frio e úmido, numa noite em que a temperatura em São Paulo era de 14 graus. Em meio à sujeira típica desses ambientes da residência, removi a parte de baixo do sifão para descobrir que o entupimento se devia a uma enorme bola de cabelos, fios de roupas e materiais gordurosos misturados. Retirei a bolota e joguei no lixo. Pronto, foi moleza. Mas não foi. Coloquei de volta o copo no lugar, abri a torneira para testar e, obviamente, vazou. Percebi que o anel de borracha que veda o bocal do copo no sifão era vagabundo, mas eu não tinha outro pra colocar no lugar. Peguei então um pouco de massa de calafetar (sabe Durepóxi? Igual, exceto pelo fato de que não endurece nunca) e botei na conexão. Demandou um pouco de força para rosquear, e com isso o cano do esgoto que entra na parede se moveu alguns milímetros. Vazou imediatamente, e dessa vez muito. Não dava para salvar. Pedi à esposa que comprasse um sifão novo, de plástico, e no dia seguinte estava lá de volta. Muito frio de novo, dessa vez com o agravante da água que havia vazado toda espalhada pelo chão. Em verificação inicial, o sistema me pareceu todo mole. Seria fácil retirar o velho sifão de metal. Não foi. O cano do esgoto apodreceu e não queria sair do seu alojamento na parede. Peguei um alicate e comecei a retirá-lo aos pedaços. Imediatamente me veio uma preocupação: eu ali, mexendo no esgoto, retirando pedaços de metal, poderia machucar minha mão e correr o risco de uma infecção. Mas isso não ocorreria, justamente pelo fato de eu estar consciente e tomando cuidado. Dois segundos depois, o alicate escapou e um pedaço de metal arranhou minha mão esquerda, bem na junta do dedo indicador com o resto da mão, saindo um pouco de sangue. Continuei o serviço, como macho imune a bactérias, e terminei a retirada dos destroços do cano velho. Peguei aquele sifão plástico novinho, cheiroso, furei com os dentes a bisnaguinha de lubrificante que acompanhava a embalagem, passei com os dedos na reta final do cano, enfiei na parede, e entrou fácil. Fiquei feliz. Bastava, agora, rosquear a parte gordinha do sifão debaixo tanque. Mas não deu. O espaço entre a coluna do tanque e a parede era exíguo, e a barriga do sifão tentava ocupar o mesmo lugar do cano que entra na parede. Eu, molhado de esgoto, com frio e a mão sangrando, por pouco não desisti. Mas, como homem, levantei, troquei de roupa e me preparei em segundos para ir à Leroy Merlin comprar um cano menor, que coubesse ali. Peguei a carteira e o celular e passei na área de serviço para dar uma última olhada na bagunça, quando veio o estalo. Não era necessário instalar a barriga do sifão! Bastava o cano flexível, que com uma pequena curva para baixo faria com sucesso o papel de vedar a saída de vapores fétidos e insetos nocivos pelo ralo do tanque. Voltei ao quarto, tirei o tênis e as meias, coloquei a bermuda úmida de volta e em 5 minutos encerrei o serviço. Aproveitei o ensejo para passar um pano e limpar toda a parte de trás do tanque, que se Deus quiser vai ficar mais 10 anos sem ser acessada. O serviço ficou bom e minha mão nem infeccionou. Duvido que um funcionário da Porto Seguro fosse tão eficiente.








Tuesday, July 02, 2013

A máquina do Tempo




    Recentemente, mudei de prédio - e, coincidentemente, de andar. Do 4º para o 13º.
Isso quer dizer que estou viajando 225% a mais de elevador.

    Ao mesmo tempo, tem chovido muito. Em época de chuvas, o assunto "clima" costuma ser debatido 80% além do habitual. Ocorre que o famigerado tópico parece descrever um incremento subsequente de pelo menos 300% quando no interior de elevadores.

    Juntando um e outro e fato, significa que nas últimas semanas estou suportando uma carga 6,75 vezes além do recomendável de "Chuvinha chata, não?" e "Deu uma esfriada, heim?"

    Até aprendi a checar a previsão do tempo antes de sair de casa. Sabe como é... É preciso ter assunto.