Thursday, September 27, 2012

Josefa Channel





   De dentro de casa, ou no escritório, fica difícil adivinhar o clima lá fora. Geralmente eu dou aquela olhadela básica pela janela antes de sair. Mas às vezes esqueço.

   Hoje fui salvo pela Josefa quando saía do Marilena trajando apenas uma camisa pólo: “Está fazendo 12 graus lá fora! Sensação térmica de -8. Melhor colocar um casaco. E se for demorar, não esqueça o guarda-chuva. A massa de ar frio traz pancadas de chuva ocasionais no final da tarde ou começo da noite. Tempo louco, não?”.

   Josefa: diarista e meteorologista.


Wednesday, September 26, 2012

Segunda Mão

Duas Mãos (Auguste Rodin)


Um convite aos quatro leitores do blog: 
Começarei a publicar, às segundas, textos de terceiros. É a seção “Segunda Mão”, que estreia com um texto imperdível do Diogo Oliveira Santos. 
A participação é aberta. Basta se manifestar, via comentário ou FB, que eu designarei a próxima data disponível ao solicitante. 
O calendário será afixado na comunidade do blog no FB
Quanto ao conteúdo do texto, deve seguir a linha editorial do blog. Preferencialmente alguma crônica, episódio inusitado ou análise bem humorada. 
Habilitem-se...

Monday, September 24, 2012

Vindo aí




Liguei hoje no escritório da Biblioteca Nacional.
Obra recebida e sob análise! Prazo para a conclusão: 90 dias.
Lá pelo dia 5 de dezembro fica pronto e eu posto o primeiro capítulo no grupo do Facebook.




Instinto Assassino



Matei. E perdi a conta de quantos foram. Certamente passou da dezena.
Deu para sentir o cheiro dos pequenos corpos carbonizados exalando a partir da cadeira elétrica.
Digo, da raquete elétrica.

De onde surgiram tantos mosquitos?




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Friday, September 21, 2012

New Yorkers (5 de 5) - It's ten dolar, uncle!





     “É dez real, tio!”.
     São Paulo talvez seja a capital mundial dos flanelinhas. Em Nova Iorque, a prática não existe. Eu não vi, pelo menos. Parte da razão deve ser porque em Manhattan quase não há vaga para estacionar. Existem alguns edifícios-garagem, é verdade – mas o grosso do tráfego é de táxis, e eles parecem nunca parar de circular.
     Os flanelinhas paulistanos incomodam porque a gente se sente coagido. Coagido e extorquido. Que eles não existam em NY deve proporcionar, portanto, uma sensação perene de paz e tranquilidade. O nirvana, certo? Errado. Existe por lá algo pior: a ditadura da gorjeta.
     Experimente esquecer a “tip” do carregador, taxista, garçom, entregador, etc.
Eles só não te riscam o carro porque você está a pé. E a cobrança é ostensiva: o carregador de malas não sai do seu quarto por menos de “5 real”. O garçom traz a conta de volta e aponta a taxa de serviço. “É 15%, maluco! Tá me tirando? A casa vai cair, brother”.
     Pessoalmente, eu prefiro ser extorquido por um flanelinha - em um ambiente externo àquele onde estou me divertindo - do que no estabelecimento onde já estou gastando uma grana presumindo ser bem servido.


     No vídeo, George Costanza (da série Seinfeld) fazendo questão de receber o crédito pela gorjeta.


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Thursday, September 20, 2012

New Yorkers (4 de 5) - Back to the future



     
     A primeira vez que eu estive nos EUA foi em um longínquo 1994, aos 11 anos. Lembro que voltamos de lá com um “kit multimídia” para computador. Vinha com uns 15 CDs, entre eles o da enciclopédia Encarta. Como ainda não havia Google (nem internet...), era possível copiar os trabalhos de escola da Encarta sem levantar suspeitas. Bons tempos. Provavelmente o tal kit também houvesse para vender aqui no Brasil, mas a diferença de preço era considerável.
     Aliás, a diferença em quase tudo, em termos de tecnologia, era considerável. Aparelhos celulares, carros, utensílios domésticos... Visitar o “Primeiro Mundo” era uma espécie de breve viagem no tempo rumo a um futuro próximo.
     Essa introdução toda foi para apresentar a origem da minha decepção com a Internet em NY. A viagem da semana passada foi a primeira que eu fiz levando daqui um smartphone (tecnologia que aderi há cerca de um mês). A minha ingênua expectativa era que, na capital do mundo, internet rápida e grátis haveria em qualquer boteco. Não havia! E mesmo as raras redes gratuitas, como a do US Open, eram lentas e instáveis. Até o hotel onde eu me hospedei cobrava (e caro) pelo acesso. Em suma: a situação da internet em Nova Iorque é praticamente a mesma de São Paulo.
     Aliás, a tecnologia por lá, em quase tudo, equipara-se à brasileira. Aparelhos celulares, carros, utensílios domésticos... Visitar o “Primeiro Mundo”, hoje, é como ir ao interior. Bom tempo.

     No vídeo, um teaser do primeiro "De Volta para o Futuro".


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Wednesday, September 19, 2012

New Yorkers (3 de 5) - Show me the money





     Não estou, definitivamente, entre os que fazem uso pejorativo do termo “capitalista” para descrever o comportamento do povo americano. Capitalistas também somos, não? Condená-los por isso seria ignorar que o relativismo é uma via de mão dupla: a repulsa à imposição do american way of life mundo afora não invalida o seu direito de existir em solo yankee.
     Relativismos à parte, alguns aspectos do capitalismo norteamericano de fato causam estranheza a outros povos a ponto de adquirirem ares de disfunção. É como se a ótica do show e do lucro invadisse searas que lhes deveriam ser estranhas.
     Em duas Igrejas que visitei (St. Patrick e Trinity) havia lojas de souvenirs no interior do templo, disputando espaço com os fieis. Outro exemplo, esportivo: durante o jogo de baseball do New York Mets, os espectadores pareciam muito mais interessados em comer e se divertir nas atrações do CitiField (uma arena para 42 mil pessoas que custou quase o dobro do previsto para o Itaquerão) do que em torcer pelo time - algo impensável durante um jogo do Corinthians.
     Para não mencionar as convenções políticas na tv – um verdadeiro circo...
     Em suma, os EUA são, mesmo, o país do show business. Quem poderá culpá-los?

     No vídeo, um ícone novaiorquino: o magnata e showman Donald Trump.



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Tuesday, September 18, 2012

New Yorkers (2 de 5) - Security issues





     O sucesso de um ato terrorista não se mede pelo número de mortos, ou pelo espetacular da ação. Esses são os atributos da guerra convencional. O terror é covarde porque essencialmente psicológico – e o que pode ser mais assustador do que a mente humana?
     Estive em NY na semana do 11 de setembro, e a memória do atentado às torres gêmeas era cultivada à exaustão nos noticiários e eventos esportivos. A memória, apenas – porque não se nota medo ou receio. Mesmo os procedimentos de segurança, seja no US Open ou no Empire State Building, parecem surpreendentemente relaxados. Nada de cães farejadores, revistas ostensivas ou scanners sofisticados.
     Onze anos depois, a vida segue normal e o americano, de alguma forma, conseguiu transmutar o pânico em orgulho – e o orgulho em show. Admirável.


No vídeo, a paranoica “Somebody's watching me” (Rockwell e Michael Jackson), de 1984. Nada mais americano que Michael Jackson...


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Monday, September 17, 2012

New Yorkers (1 de 5) - Apartheid moderno




Eles fazem esforço para vir e chegam sem convite – o que não quer dizer que não sejam bem-vindos.
A ótica dos anfitriões é a da exploração: mão de obra barata e redução de custos.
A dos imigrantes é a da humilhação remunerada. Pelos mais diversos motivos, resolvem desertar dos seus países para sujeitar-se ao racismo e ao preconceito em terras estrangeiras.
Benefício mútuo? Talvez. Mas o fato é que, vendo de perto e guardando distância, é difícil sentir simpatia por qualquer dos lados.

Wednesday, September 05, 2012

Ausente do escritório





Estarei de férias do blog até o dia 14, pelo menos. Na agenda, uma passagem por Flushing Meadows.
Tentarei conversar com o leitor Roger Federer, fã da filial suíça do blog. Mas não garanto...
Até mais!


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Tuesday, September 04, 2012

Down with the hashtags!


   Dizem que serve para organizar e catalogar o conteúdo produzido nas redes sociais. #definiçãodehashtag
   Não demorou, porém, para que a incorporassem como parte da própria mensagem. Um artifício para exprimir uma ideia sem precisar aventurar-se na sintaxe. #preguiça #muleta
   Existem, ainda, os que se aproveitam das hashtags para pegar carona nos trending topics. #oportunismo #vaicorinthians #calabocagalvao

     #Qualseráofimdisso?




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Monday, September 03, 2012

Vida de concurseiro



     

     Passei a segunda metade de 2008, e 2009 quase inteiro, estudando em casa. Profissão: concurseiro. Período: integral.
     Exige disciplina, obstinação e controle. Devolve em troca – o que não é pouco! - uma sensação de aparente simplicidade a respeito de quase tudo o que nos cerca. A ilusão de que apenas ao concurseiro foi confidenciado o sentido da vida – estudar!
     Eu me lembro de um dia específico. Um dia que parecia – e foi - comum como todos os outros. Exceto por um instante quando, pela manhã, me detive por um momento antes de retornar aos livros. Parei, sentei no sofá e vaticinei que um dia sentiria saudades daquele sacrifício todo. Que quando concluísse o meu objetivo e fosse alçado de volta à complexidade da vida eu daria por falta daquele simulacro de existência tão meritocrático e cheio de certezas. Esse dia, porém – e para a minha sorte -, nunca chegou. Curioso como o estudo em excesso aliena o espírito e atrofia a mente...


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