Friday, October 29, 2010

Drop shot


Sempre enxerguei o tênis como metáfora da vida, e talvez venha daí minha fascinação pelo esporte. As nuances técnicas e táticas do jogo, imperceptíveis ao leigo, só se comparam ao opressivo desafio psicológico que é um torneio de tênis. Um contra um, você e o adversário. Ninguém para culpar pelo fracasso; ninguém para dividir a glória. O esporte é o elogio do mérito levado ao extremo, e as modalidades individuais sua expressão máxima.
Mas, enfim, não quero me deter demasiado na descrição do tênis. Esta semana acompanhei dois dias de jogos da Copa Petrobras, no clube Harmonia, em São Paulo. Durante as disputas, e em meio à torcida na arquibancada, um golpe do jogo me chamou a atenção de um modo inusitado, que suscita paralelos com inúmeras situações da vida. O golpe é a deixadinha, ou drop shot. Um movimento ousado em que o tenista, ao invés de aplicar sua força máxima no golpe, apenas bloqueia a bola com a raquete e a faz cair mansa do lado da quadra do adversário. Pertinho da rede. Bem lenta. Hu-mi-lhan-te-men-te lenta. O golpe parece difcíl e arriscado – e é, na maior parte das vezes. O que chama atenção numa jogada dessas é a reação da plateia. A deixadinha, quando bem executada, surpreende. Admira. Vai-se ao delírio, exaltando o talento e a audácia do jogador. O erro, porém, invariavelmente é percebido na medida oposta. “Não era a hora!”. “Que burrice, era só empurrar na paralela”. “Pra que inventar? Quer fazer o que não sabe”. Fugir ao senso comum é arriscar-se em dobro, porque não há condescendência com quem escolhe ousar. Procurar destacar-se é estar pronto a pagar o preço pelo eventual fracasso. A mediocridade nutre uma estranha predileção por ser sociável. A genialidade, um providencial descrédito pela opinião alheia.

PS: para quem se interessar pelo assunto, recomendo o Blog do Paulo Cleto. Em especial este texto, da final do Aberto da Austrália 2009, que é primoroso.

http://colunistas.ig.com.br/paulocleto/2009/02/01/hoje-e-amanha/

Monday, October 25, 2010

Thursday, October 07, 2010

O Dilema da Portaria


Passar por uma portaria produz um dilema social/moral/filosófico de suma importância: cumprimentar ou não o porteiro?
A educação pede (alguns dirão, exige) um "bom dia", um "boa tarde". Mas e se fosse você o porteiro? Gostaria de cumprimentar toda e qualquer pessoa que passasse à sua frente? Porque são muitas ao longo do dia. Sempre ocupadas. Sempre indo a algum lugar. E o porteiro lá, parado. Cumprimentando e observando. É como se apenas a ele não fosse permitido ir além daquele ponto. Ninguém o convida. Ele é só isso: um ponto de passagem - e é esse o recado implícito em cada saudação apressada.

PS: Sou só eu ou toda portaria tem um quê de Caverna de Platão?

Sunday, October 03, 2010

Voto Consciente



Da empregada aqui de casa. Espero que ela não acesse o blog...

- Beltrana, pra quem você vai votar pra deputado?
- Ah, não sei ainda. Na hora eu vou pegar do chão.