Monday, December 03, 2012

O Timão nas ondas do rádio





    Sou novo ainda, 30 anos. Pertenço a uma geração que não testemunhou a Guerra Fria e os conflitos ideológicos que marcaram a geração passada. Mas que foi a primeira a vivenciar a revolução digital desde o princípio. Em tempos pré-internet e pré TV a cabo era difícil acompanhar o seu time jogando. Não era como hoje, quando basta fuçar na NET e você não perde um jogo do Zenith da Rússia, se quiser. Antigamente, quando o jogo não era importante não havia transmissão. E o jeito era apelar para o rádio. Cansei de escutar os jogos do Corinthians no meu Sony Walkman comprado no Paraguai.
    Foi pelo rádio que acompanhei o Raí fazendo 3 gols contra o meu time em uma mesma partida (nesse jogo havia TV, mas eu fui forçado a comparecer a um evento em família). Foi pelo rádio que eu escutei a derrota solitária do Corinthians de Mário Sérgio para o Vitória-BA em 1993. Pelo rádio, também, eu ouvia o Timão enfrentando o Juventus na Rua Javari, ou a Ferroviária em Araraquara, ou a Catanduvense em... Catanduva.
    Engraçado como, lembrando agora, o que ficou na memória foram os grandes revéses e os jogos desimportantes que eu sequer tive acesso às imagens. Não por acaso, creio. O corinthianismo é sui generis porque forjado na derrota. O torcedor do São Paulo nasce da vitória - e só sabe conviver com ela. O do Santos, da herança do Rei. O do Palmeiras... Bom, não sei dizer por que alguém torce para o Palmeiras. O fato é que nascemos das adversidades e do sofrimento, e talvez seja esse o motivo para valorizarmos tanto a garra em nossos jogadores. Talvez seja esse o motivo para só termos conquistado a Libertadores com um time de operários, sem estrelas, cujo maior mérito era sair esgotado de campo. E talvez seja por isso que o Corinthians transcenda o esporte como nenhum outro clube. Porque o Corinthians e os seus atletas são, antes de tudo, humanos. E só o que a torcida cobra deles é humanidade.*


* Outro dia havia um filósofo no SPORTV (vou ficar devendo o nome da fera) explicando por que o brasileiro caía matando em cima dos compatriotas que não triunfavam nas Olimpíadas. Dizia ele que o discurso subjacente é que o atleta é um superherói a quem não é concedido o direito do erro. É como se o torcedor dissesse: "Quem erra sou eu, um mero mortal. Você é especial, não pode falhar como eu. A sua obrigação é a vitória". Em suma: a cobrança do torcedor advém de um complexo de inferioridade.


Segue o meu melhor Corinthians:

Dida; Alessandro, Gamarra, Castan e André Luiz; Vampeta, Rincón, Neto e Marcelinho; Tevez e Edílson.



2 comments:

  1. Se liga Chico, nasceu numa nação sofredora e acredita que sofrer para ver o time vencer ou perder é a melhor coisa da vida. Nasci sim numa geração em que meu time liderava e conquistava campeonatos. Perder faz parte da história de todos os times, mas sofrer.......basta por ser brasileiro..........

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