- - - - Texto enviado por Álvaro Leite Domingos - - - -
Futebol é o
assunto do qual mais gosto de conversar. Com parentes, amigos, colegas,
conhecidos e desconhecidos.
Não estou sozinho
nessa preferência, claro. O futebol serve como um coringa em nosso dia-a-dia. É
o gancho perfeito para se puxar papo com alguém. Torna a conversa leve,
descontraída. É difícil ser antipático com alguém que também goste do assunto.
Claro que existem
algumas diferenças no modo como o tema é tratado durante a conversa. A
diferença principal é o time que cada um torce.
Com torcedores de
outros times, o papo invariavelmente se direciona para grandes craques, times
imbatíveis e títulos inesquecíveis. É uma conversa mais objetiva, cheia de
números e datas históricas.
Num encontro entre corinthianos, naturalmente, a dinâmica é totalmente outra. O Corinthians é um time subjetivo. É onde a velha máxima de que o futebol não é ciência exata encontra o seu melhor modelo. O Corinthians é o exemplo clássico de objeto cuja definição depende unicamente do ponto de vista de seu observador. No caso, a torcida.
Juca Kfouri
cunhou a expressão: “O Corinthians não é um time com uma torcida, mas uma
torcida que tem um time”. Um axioma para corinthianos e um paradoxo para os
rivais. A síntese perfeita dessa relação quase neurótica entre duas partes que
se complementam.
Ser corinthiano é
ver aquela camisa (preta e/ou branca) com um emblema estranho, parecendo um
despertador, e ficar com vontade de torcer. Torcer. Pra quê? Não importa. O
lance é torcer. Sempre. Vai, Corinthians. Sem restrições ou moderação.
E daí que os
jogadores do Corinthians passam a ser muito mais personagens que atletas. Todos
pitorescos, densos, controversos, como deve ser. Assim surgem as boas
histórias.
É o Dr. Sócrates,
que transformou a pelada dominical entre as aulas de medicina em estilo de vida
e instrumento político. É o garoto Viola, negro, saído do terrão, que faz gol
numa final em pleno 13 de maio.
É o chutaço do
Célio Silva a 120 kh/h. E do Gralak a 130! É a dupla sertaneja Tupazinho e
Fabinho, com seus mullets esvoaçantes e fazendo gol de carrinho. São as
bicicletas do Neto pelo e contra o Guarani. Além do gol de falta do mesmo Neto
do meio do Maracanã.
É Marcelinho
jogando o uniforme pra torcida depois de um empate contra o maior rival até
ficar só com a roupa de baixo. É o golaço do Elivelton na prorrogação. O Dida
pegando 2 pênaltis seguidos. E os comedidos Ricardinho, Parreira e William
batendo no peito pra gritar “Timão Ê-Ô!”
É Paulinho subindo
no alambrado. E o Fenômeno derrubando o alambrado. Para depois construir uma
cobertura na Vila Belmiro.
É a história
triste do Ezequiel. A tragicomédia do Dinei. E os causos engraçadíssimos do
Gilmar Fubá. Mais as entrevistas afiadas do Vampeta. Os gritos do Ronaldo,
batendo as luvas pra botar ordem na zaga. O sotaque engraçado do Giba. E o
portunhol incompreensível de Carlitos Tevez.
É o craque
Casagrande sendo trazido de volta pelos gritos da arquibancada do Pacaembu. E o
craque Biro-Biro comprovando que foi melhor que Maradona graças à militância
corinthiana na internet.
É a classe do
Gamarra. A raça do Henrique. As mordidas do Chicão. A superação do Jacenir. A
polivalência do grande e subestimado Wilson Mano. E a mão esquerda do Cássio
naqueles 6 segundos mais longos da história.
É o tiro de
espingarda de Rincón no Olímpico. Os chutes de capoeira recheados de ironia do
Fernando Baiano. O capetinha Edílson enfileirando e passando a bola por debaixo
das pernas da zaga do Real Madrid. Culminando com a mordida de Emerson Sheik no
dedo do defensor do Boca Jrs.
Acho que já me fiz entender. Ser corinthiano, mais que sonhar por títulos, é gostar de histórias. E compartilhar essas histórias. Destacando o valor afetivo de cada uma delas. Sendo assim, escalo o Corinthians que vem me acompanhando nesses últimos 32 anos.
Esquema: 3-4-3
Gol: Ronaldo
Zaga: Chicão,
Gamarra e Gralak
Meio-Campo: Gilmar
Fubá, Vampeta, Neto e Marcelinho
Ataque: Dinei,
Casagrande e Tupãzinho
Autor: Álvaro, um
desqualificado pouco adaptado à vida moderna. Conheça
suas neuroses em http://quemsabedia.blogspot.com.br/
- - - - Participe do grupo no FB - - - -
Gol: Ronaldo
ReplyDeleteLateral direito: Zé Maria
Zaga: Gamarra e Marcelo
Lateral esquerdo: Silvinho
Meio: Rivelino, Neto, Marcelinho e Biro-Biro
Ataque: Ronaldo e Sócrates
This comment has been removed by the author.
ReplyDeleteFaltou escalar mais um cara mítico:
ReplyDeleteNARRADOR: Silvio Luiz
E o técnico. Tite!
ReplyDeleteBelo all-time. Mas Biro-Biro tá de brinks...rs
Biro-Biro é pra galera! =p
ReplyDelete