Voltando para casa, vagão lotado. Não há privacidade em um transporte coletivo, o que não impede as pessoas de seguirem com suas atividades particulares. Alguns compartilham a leitura de livros. Quem resiste a dar uma espiada no título? Checar se confere com o estereótipo instantâneo de quando se bate o olho em alguém; outros falam ao celular para que todos fiquem sabendo das suas vidas. Há os que escutam música tão alto nos fones de ouvido que dá para surpreender o passageiro ao lado cantarolando junto.
Pois estava eu, ontem, em pé no vagão. À minha frente, sentado, um senhor com seus 50 anos mexia no celular. Jogava um jogo qualquer. Não entendi as regras, mas pela velocidade e concentração com que jogava algo me dizia que presenciava um momento especial. Algo próximo a um recorde mundial, ou coisa do tipo. Os dedos voavam pelo teclado, invisíveis de tão rápidos. Passava as fases com uma destreza que só se adquire à custa de horas diárias em trânsito. Olhei em volta. Os demais passageiros também acompanhavam a performance do senhor. Estivéssemos em um galeria de fliperama e teria formado um tumulto em frente à máquina, como nos filmes de cinema.
A minha estação chegou, desci lamentando. O metrô nunca rende uma história completa.
Histórias que se perdem nos trilhos...
ReplyDeleteMas Nelson Rodrigues, certamente, utilizaria a linha vermelha, em horários de pico, para várias de suas histórias.
layout mudado novamente...
ReplyDeletemas dá pra mudar o voto na enquete
Todas estas mudanças tema ver com as mudanças de governo?
ReplyDeleteEstas histórias do metrô ainda vão render um livro.
Ainda não. Aliás, prefiro que a transição seja tranquila a ponto de não render história nenhuma!
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