Friday, December 17, 2010

SP Underground III


Voltando para casa, vagão lotado. Não há privacidade em um transporte coletivo, o que não impede as pessoas de seguirem com suas atividades particulares. Alguns compartilham a leitura de livros. Quem resiste a dar uma espiada no título? Checar se confere com o estereótipo instantâneo de quando se bate o olho em alguém; outros falam ao celular para que todos fiquem sabendo das suas vidas. Há os que escutam música tão alto nos fones de ouvido que dá para surpreender o passageiro ao lado cantarolando junto.

Pois estava eu, ontem, em pé no vagão. À minha frente, sentado, um senhor com seus 50 anos mexia no celular. Jogava um jogo qualquer. Não entendi as regras, mas pela velocidade e concentração com que jogava algo me dizia que presenciava um momento especial. Algo próximo a um recorde mundial, ou coisa do tipo. Os dedos voavam pelo teclado, invisíveis de tão rápidos. Passava as fases com uma destreza que só se adquire à custa de horas diárias em trânsito. Olhei em volta. Os demais passageiros também acompanhavam a performance do senhor. Estivéssemos em um galeria de fliperama e teria formado um tumulto em frente à máquina, como nos filmes de cinema. 
A minha estação chegou, desci lamentando. O metrô nunca rende uma história completa. 

4 comments:

  1. Histórias que se perdem nos trilhos...

    Mas Nelson Rodrigues, certamente, utilizaria a linha vermelha, em horários de pico, para várias de suas histórias.

    ReplyDelete
  2. layout mudado novamente...
    mas dá pra mudar o voto na enquete

    ReplyDelete
  3. Todas estas mudanças tema ver com as mudanças de governo?
    Estas histórias do metrô ainda vão render um livro.

    ReplyDelete
  4. Ainda não. Aliás, prefiro que a transição seja tranquila a ponto de não render história nenhuma!

    ReplyDelete