Monday, July 15, 2013

Segunda Mão - Faça você mesmo





- - - - - - Texto enviado por Diogo Oliveira Santos - - - - - - 



O tanque estava entupido. Imaginei que seria um serviço fácil desrosquear o copo do sifão, tirar a sujeira e colocá-lo de volta. Mas não foi. Primeiro, foi necessário afastar a máquina de lavar e me sentar no chão frio e úmido, numa noite em que a temperatura em São Paulo era de 14 graus. Em meio à sujeira típica desses ambientes da residência, removi a parte de baixo do sifão para descobrir que o entupimento se devia a uma enorme bola de cabelos, fios de roupas e materiais gordurosos misturados. Retirei a bolota e joguei no lixo. Pronto, foi moleza. Mas não foi. Coloquei de volta o copo no lugar, abri a torneira para testar e, obviamente, vazou. Percebi que o anel de borracha que veda o bocal do copo no sifão era vagabundo, mas eu não tinha outro pra colocar no lugar. Peguei então um pouco de massa de calafetar (sabe Durepóxi? Igual, exceto pelo fato de que não endurece nunca) e botei na conexão. Demandou um pouco de força para rosquear, e com isso o cano do esgoto que entra na parede se moveu alguns milímetros. Vazou imediatamente, e dessa vez muito. Não dava para salvar. Pedi à esposa que comprasse um sifão novo, de plástico, e no dia seguinte estava lá de volta. Muito frio de novo, dessa vez com o agravante da água que havia vazado toda espalhada pelo chão. Em verificação inicial, o sistema me pareceu todo mole. Seria fácil retirar o velho sifão de metal. Não foi. O cano do esgoto apodreceu e não queria sair do seu alojamento na parede. Peguei um alicate e comecei a retirá-lo aos pedaços. Imediatamente me veio uma preocupação: eu ali, mexendo no esgoto, retirando pedaços de metal, poderia machucar minha mão e correr o risco de uma infecção. Mas isso não ocorreria, justamente pelo fato de eu estar consciente e tomando cuidado. Dois segundos depois, o alicate escapou e um pedaço de metal arranhou minha mão esquerda, bem na junta do dedo indicador com o resto da mão, saindo um pouco de sangue. Continuei o serviço, como macho imune a bactérias, e terminei a retirada dos destroços do cano velho. Peguei aquele sifão plástico novinho, cheiroso, furei com os dentes a bisnaguinha de lubrificante que acompanhava a embalagem, passei com os dedos na reta final do cano, enfiei na parede, e entrou fácil. Fiquei feliz. Bastava, agora, rosquear a parte gordinha do sifão debaixo tanque. Mas não deu. O espaço entre a coluna do tanque e a parede era exíguo, e a barriga do sifão tentava ocupar o mesmo lugar do cano que entra na parede. Eu, molhado de esgoto, com frio e a mão sangrando, por pouco não desisti. Mas, como homem, levantei, troquei de roupa e me preparei em segundos para ir à Leroy Merlin comprar um cano menor, que coubesse ali. Peguei a carteira e o celular e passei na área de serviço para dar uma última olhada na bagunça, quando veio o estalo. Não era necessário instalar a barriga do sifão! Bastava o cano flexível, que com uma pequena curva para baixo faria com sucesso o papel de vedar a saída de vapores fétidos e insetos nocivos pelo ralo do tanque. Voltei ao quarto, tirei o tênis e as meias, coloquei a bermuda úmida de volta e em 5 minutos encerrei o serviço. Aproveitei o ensejo para passar um pano e limpar toda a parte de trás do tanque, que se Deus quiser vai ficar mais 10 anos sem ser acessada. O serviço ficou bom e minha mão nem infeccionou. Duvido que um funcionário da Porto Seguro fosse tão eficiente.








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