Tuesday, July 06, 2010

Do Fracasso

 

O filósofo Sponville escreveu que “a busca da felicidade é a coisa mais bem distribuída do mundo”. Deve ser verdade. Parafraseando o francês, também parece verdadeiro que o fracasso é a “segunda coisa” mais bem distribuída no mundo. Sucesso e fracasso são ditos faces de uma mesma moeda, o que de modo algum procede, porque o segundo é onipresente, enquanto, o primeiro, privilégio efêmero de alguns poucos. Juntando uma e outra frase, o pensamento e sua paráfrase, parece saltar aos olhos um pessimismo fatal. Absolutamente. Há uma falsa dicotomia entre as orações, análoga à da comparação com a moeda. A desgraça e o triunfo são ambos impostores, e não renhidos rivais. Não obstante, este último raciocínio (o da falsa dicotomia) é, além de verdadeiro, reconfortante, e, portanto, otimista - pois de outro modo seria improvável atingir a felicidade através do sucesso, e a tão bem distribuída busca resultaria no mais retumbante e universal fracasso.

O poema “Se”, de Rudyard Kipling, e seus versos expostos na entrada da quadra central de Wimbledon:

"Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.
(...)
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!"



Texto dedicado à Seleção Brasileira na África, que ao contrário da de 2006 caiu honrando a camisa.

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