Tuesday, February 26, 2013

Da Morte




   Quero morrer cedo. Aos 40, ou 50. Não sei se é para não dar trabalho aos outros ou, justamente o contrário, se é uma questão egoística. Partir no auge, passando ao largo dos problemas da velhice.
    Também quero morrer dormindo. Gostaria que a minha passagem, ao contrário do que eu desejo para a minha vida e legado, fosse imperceptível. Que quando perguntassem "Ele morreu?" pairasse a dúvida. "Morreu nada. Mudou-se para Itanhaém." E acreditariam, porque, vá lá, é quase a mesma coisa.
   Apenas algo me atrai mais do que a morte precoce, incógnita e indolor. Que ela me esqueça. Afinal, convenhamos... O que nos permite ser razoável e compreensivo com a morte é a sua absoluta infalibilidade. Ou não?



Thursday, February 14, 2013

A Zona do Crepúsculo III




    The Mysterious Lancer


    De novo, o carro. Um ano com ele. O terceiro episódio do gênero.  
    Há 6 meses, eu entregava o veículo para a primeira revisão. Fazia frio, e pairava sobre Sorocaba uma densa névoa. A pedido do atendente, recolhi os pertences do porta-luvas - entre eles, o GPS. Guardei o monitor e o suporte em um saco plástico preto e voltei para casa de carona.
    Quis o destino, porém, que por alguma razão a pequena alça de plástico desaparecesse naquele breve intervalo. Nunca mais a vi. E quanta falta fez. A vida pode ser dura quando você tem que segurar o monitor do GPS enquanto dirige. Às vezes é preciso passar a marcha e segurar a tela ao mesmo tempo. Não dá certo.
    Procurei por todo canto: no carro, no apartamento, na casa dos meus pais. Estendi as buscas até os lugares mais insólitos. Sem sucesso.
    Fevereiro. É noite. Os cães uivam sem motivo aparente. Fome? Não sei. Às vésperas da segunda revisão, o episódio me vem à mente enquanto embarco um par de camisas no banco traseiro. Como seria bom ter de volta o suporte do GPS... Prestes a fechar a porta, o imponderável ataca novamente. Bem ali, aconchegado no banco, o suporte brilha às claras - justo na hora em que eu pensava nele!
    Impossível que ele estivesse ali o tempo todo. Recuso-me a acreditar. Inúmeras vezes - e por diversas razões - eu vasculhara o veículo de cima a baixo.
    Ok, não deixa de ser possível que ele tivesse passado despercebido, mas prefiro ser realista... Parece muito mais plausível botar na conta no portal interdimensional que por duas vezes engoliu o meu celular.
    Tenso...
 

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Friday, February 08, 2013

Até Dinossauro




    "Aqui tem de tudo. Até dinossauro" - da vendedora da loja de guloseimas aqui do bairro, para um cliente ao telefone.
    Dei uma olhada em volta: bolachas, chocolates, balas, sorvetes, refrigerantes, drogas, armas, salgadinhos em geral.
    Nenhum dinossauro.
 
    Complicado ouvir conversa pela metade...


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Wednesday, February 06, 2013

SP Underground IV - Mão dupla




    Quem nunca, andando na rua, não deu com um pedestre aproximando-se velozmente no sentido contrário, em rota de colisão? Em 90% das vezes, você ou ele indicam sutilmente que vão mudar de curso e cada um segue o seu rumo, sem atrasos. 90%... Porque existem aqueles casos mais raros quando ambos resolvem desviar para o mesmo lado ao mesmo tempo, e aí vira algo parecido com aquela brincadeira infantil de pega-pega . Um faz que vai pra um lado, o outro faz que vai pro outro. E os dois param, xingando mentalmente o outro de retardado. A coisa toda não costuma demorar mais do que alguns segundos. 
    Hoje no metrô acredito ter presenciado o duelo mais longo do gênero que se tem notícia. Um senhor japonês com cara de chinês, quase idoso, saía solitário do vagão. Um rapaz apressado queria entrar. O resto você pode imaginar. Faz que vem pra cá, faz que vai pra lá. Um pedala, o outro ginga... Não chegaram ao choque (uma pena) - mas quase a porta fecha antes de resolvida a contenda. Tem gente que devia andar dando seta.