Wednesday, October 31, 2012
Direta, Esquerda
O que incomoda na Direita é a insensibilidade. Achar que, sozinho, qualquer indivíduo dá conta de tudo. Se não der, azar.
O que incomoda na Esquerda é o radicalismo. A ferocidade irracional com que ataca qualquer pensamento diferente do seu.
Os partidários de um e outro são absolutamente insuportáveis.
Felizmente, no Brasil, todo partido que chegou ao poder teve a prudência de ser de Centro.
Monday, October 29, 2012
Subindo...
Pode parecer que não, mas elevadores requerem manutenção. Onde eu trabalho, um prédio de 12 andares, ela é feita - creio - a cada 4 anos.
De primeiro, apenas a porta travava. Com o tempo, porém, o descuido fez com que o elevador adquirisse vida própria.
Explico: os defeitos passaram a ser imprevisíveis, inovadores e (por que não?) conscientes. As gambiarras de antes - o tranco, a mão no sensor, entrar e sair do elevador - não mais funcionam. A máquina evoluiu.
Sei lá, mas às vezes parece que o elevador leva as coisas pro lado pessoal.
No vídeo, 10 coisas que não se deve fazer em um elevador.
Segunda Mão - Enchendo linguiça
- - - - - - Texto enviado por Adriana Gonçalves - - - - - -
Bem no meio da aula de Contabilidade (e não de Culinária,
como alguns poderiam inferir), me peguei pensando nas diferentes técnicas
usadas para preencher o embutido - ou seja, a linguiça.
Refleti durante alguns minutos e pude concluir que as
técnicas mais utilizadas são:
1º Lugar: Adensar o texto ou a fala com coisas
desnecessárias com o intuito de preencher os espaços vazios que devem ser
totalmente utilizados.
Para perceber as sutilezas desse estilo, leia o texto
atentamente.
2º Lugar: Trata-se de uma técnica mais recente, porém já bastante
difundida, composta pela trinca Pergunta-Resposta-Conclusão, utilizando sempre
as mesmas palavras. Para exemplificar, transcrevi um breve trecho da extensa
aula:
Tem que calcular a média?
Tem que calcular a média.
Então, calcula-se a média.
(Também é aceita a variação na voz passiva analítica “então
a média é calculada”, para não entediar).
Trocando em miúdos: na média, a aula poderia ter durado uma
hora e meia. Durou três!
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Friday, October 26, 2012
iCloud
Wednesday, October 24, 2012
De volta à zona do crepúsculo
Aconteceu
de novo. Mais uma vez, o celular. Lembrei de quando o vi por último, esquecido
sobre a mesa do McDonald’s. Meu primeiro smartphone...
Quando
dei pela sua falta, era 1 da manhã. Procurei por todo o apartamento. Nada.
Disquei o número. Tocava, mas eu não ouvia - nem ninguém atendia.
Desci
até o carro. Nem sinal.
Voltei
resignado. Era hora de tomar providências. Troquei as senhas todas – redes
sociais, bancos, sites. Liguei para casa avisando. Antes de telefonar para a
Claro e cancelar a linha, resolvi por uma última visita ao carro. Sim, restava
esperança.
Abri
a porta do motorista. Silêncio?
Não!
O celular tocava alto, para o meu alívio. Havia escorregado para debaixo do
tapete que fica embaixo do banco. Como, eu não sei. Só sei que existe ali um portal para a quinta dimensão. Uma vez em contato com o assoalho, os objetos viram matéria escura. Estiquei o braço e o peguei de volta. Tive que
fazer força – algo, ou alguém, tentava segura-lo.
O celular voltou com uma ligação perdida. Número desconhecido...
Medo.
Medo.
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Monday, October 22, 2012
Isso é um assalto?
Voltando
a pé para casa, sozinho e à noite, pela Peixoto. Um indivíduo branco, magro, cerca
de 1,70m, vestuário barato, porém limpo, e por volta dos 35 anos de idade, me aborda
na calçada semideserta.
- Senhor!
senhor!
(Scanneando para estereótipo de ladrão...)
- Eu
trabalho aqui perto, numa prestadora de serviço...
(Scanneamento completo. Probabilidade: 32%)
- Estou
até com o bilhete único, olha só...
(Ótimo, estou com as mãos no bolso. Ele vai
achar que eu estou armado.)
- E
queria pedir, por favor...
(Por que eu teria uma arma? Não faz sentido. Mantenho
as mãos no bolso, porém.)
- ... Ladrão
não pede por favor, não é?
(Bom ponto.)
- Eles me
liberaram mais tarde e eu não tenho um tostão no bolso pra voltar pra casa...
(O velho truque? Esperava mais.)
- O
senhor não tem um trocado pra “passage”?
(Saco a carteira e, instantaneamente, me sinto
um idiota.)
- Vou até
ficar mais longe pro senhor ver que eu não tô de malandragem.
(Fique onde quiser. À essa altura, com a
carteira aberta no meio da rua, só me resta torcer mesmo)
Entreguei
R$1,50 para o cara. Ele me agradeceu e disse que se virava com o resto. Sei lá,
posso ser ingênuo. Mas acho que era verdade.
Segunda Mão - O Poder da Procrastinação
Texto enviado por Maurício Romiti
Meu
último livro completado foi Predictably
Irrational, de Dan Ariely. O mais próximo de uma "nota dez" nos últimos tempos, o livro discute como nós, humanos que somos, temos como
característica fundamental a de sermos sistematicamente irracionais (não farei um
resumo do livro aqui, mas vale muito a pena dar uma olhada).
Um
capítulo que muito me chamou a atenção foi o que discute o tema da
Procrastinação – coincidentemente, seguindo a linha editorial do blog, o domínio do tema é um pré-requisito para publicação e, talvez, até mesmo para a leitura.
Os
exemplos são bons: exames médicos, revisões automotivas, cartões de crédito. Mas
eu tenho que discordar. Todos têm a capacidade de auto-disciplina. A
dificuldade é a vontade de fazer agora, de lutar contra a preguiça. É aceitar e
se convencer de que o tempo livre de depois é
melhor que o tempo livre de agora.
Finalizando:
caros leitores e editor, desculpem o atraso na entrega do texto para
publicação. Ficou meio em cima da hora, sabe como é.
* Nota de rodapé:
ainda seguido a linha editorial, estou fazendo um experimento sociológico aqui
na empresa. Estamos desenvolvendo um novo site, onde cada um deve escrever 2
artigos para publicação periódica. O recado foi passado há mais de dez dias,
todos já foram lembrados duas vezes e, até agora, só vi um artigo: o meu. O
prazo vence em três dias e, ao que parece, a situação não vai mudar muito. Desculpa
padrão: ah, mais ainda falta tempo pra entregar... Mas eu não tinha muitas
esperanças mesmo – eles estão por todos os lados.
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Próximos textos:
29/10 - Emerson
5/11 - André
12/11 - Adriana
Saturday, October 20, 2012
Atendimento Preferencial
Filas, filas e mais filas! No supermercado, no banco, no metrô, no aeroporto... Elas parecem estar se proliferando na proporção inversa das vagas de estacionamento.
Pensando melhor, talvez não seja tão ruim assim ficar idoso.
A conferir.
Friday, October 19, 2012
Proparoxítona
Tuesday, October 16, 2012
Dia dos Professores
No dia
dos professores, segue uma história da época da GV. Grande escola. Deu trabalho
para me formar, mas a verdade é que guardo boas recordações daquela merda.
Dentre tantos mestres ilustres, escolhi um pouco conhecido: o Pinto, de Matemática-III.
Quem estudou por lá haverá de dizer: “Pera lá, essa matéria não existe no
curso”. Sim, existe. Pode chegar até Mat-IV, inclusive. Se você não sabe é
porque não bombou em Mat-II.
O Pinto
era um sujeito alto e troncudo. Tinha mãos tão grandes que faziam um giz normal
parecer grafite de lapiseira. Era engraçado como ele segurava aquele pedaço de
giz com todo cuidado para não esmaga-lo acidentalmente. Aliás, taí um professor
que sabia ser duro: suas provas eram difíceis e trabalhosas. Mas apesar do
terror que impunha à sala (taxa de reprovação beirando os 40%), era boa pessoa.
Bonachão, eu diria. Só ficava nervoso com o entra-e-sai dos alunos. Certa vez,
fora de si, tentou equilibar uma cadeira entre o chão e a maçaneta da porta,
como nos filmes de interrogatório, para impedir o retorno dos egressos. Não
funcionou. Só dá certo no cinema. A cadeira caiu, a classe riu... Enfim,
trágico.
Quanto às
aulas, tenho pouco a dizer. Como um bom jumento em Geometria Analítica, eu me
contentava em observar enquanto de uma equação na lousa ele fazia surgir um guarda-chuva.
Uma rápida manipulação nas variáveis e o guarda-chuva abria e fechava, pingando
gotas d’água no eixo “z”. Fascinante.
O que mais
me marcou, no entanto, foi uma passagem de final de semestre. Terminada a aula,
precisando de nota, persegui o Pinto pelo corredor do quinto andar, o do
Rockafé. Queria uma revisão de prova. Tarefa ingrata, o Pinto costumava ser
irredutível.
Impaciente,
mas sem perder o bom humor, o professor entrou no elevador lotado e apertou o
botão do IMQ (“Informática e Métodos Quantitativos”), departamento hostil de
onde aluno algum retorna com vida. Recuei. Do corredor, apenas observei enquanto ele estendeu o braço na minha direção e profetizou, alto:
“Francisco,
alea jacta est!”.
E a cortina
a porta do elevador se fechou na minha frente após ele terminar a frase.
Dramático...
Monday, October 15, 2012
Segunda Mão - O Maravilhoso Mundo da Internet
No "Segunda Mão" de hoje, o EmTempo flexibiliza a sua linha editorial e publica uma gutural crítica internética.
Texto enviado por Guto Mauad
Semana passada eu estava fazendo mais uma de minhas viagens
internéticas (existe isso? Internéticas? Enfim...) quando comecei a reparar o
quão lindo é esse mundo dos megabytes.
No mundo virtual, a vida é maravilhosa, as pessoas são boas e a sociedade é um
poço de virtudes. O fato da rede mundial esconder nossa face (mas eu coloco a
minha foto, alguém vai falar. Foto é uma imagem meu caro, não é você) faz com
que todos se tornem corajosos, críticos e infalíveis. Eu chamo isso de Síndrome
do He-Man, aquele desenho animado em que o cavaleiro gritava: “Eu tenho a
força”.
Hoje em dia as pessoas são ativistas da internet. As
passeatas em busca de igualdade social, cuidado aos animais e crítica aos
governantes são realizadas nas ruas dos grupos e fóruns.
O fato é que eu mudei minha conduta. Ontem desativei meus
vínculos com a internet, fechei um blog que possuía mais de 3000 seguidores e
70.000 visitas por mês e cancelei minhas oito contas de email. Vou viver o mundo real.
Quem sabe nesse distante mundo real as pessoas sejam menos
“boazinhas” e mais autênticas e eu possa muda algo que esteja errado...Pensem a
respeito desse assunto pois acho extremamente válida essa reflexão.
Próximos textos:
22/10 - Émerson
29/10 - André
Wednesday, October 10, 2012
Já tô saindo!
Parar em lugar proibido é assim. Um olho no peixe, outro na CET.
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Tuesday, October 09, 2012
No Comprendo, Gangnam Style
Sempre entendi a prosa e a poesia como artes menores quando comparadas com a música. O critério, grosso modo, é o do custo-benefício: três ou quatro minutos de melodia exprimem, quase instantaneamente, uma miríade de emoções que um (bom) romance leva mais de 200 páginas.
Aliás, mesmo quando a discussão fica circunscrita ao que se entende por "música", percebe-se a supremacia da melodia sobre a letra - vide o sucesso da incompreensível Gangnam Style.
Não sou fã do gênero, mas o insólito de se escutar música oriental sem fazer a menor ideia do significado despertou em mim, além desta "reflexão artística", um segundo efeito - menos introspectivo e mais nostálgico. Recordei da infância, acompanhando as aberturas dos seriados japoneses da época. O engraçado é que aqueles ideogramas espalhados na tela assustavam mais que o idioma das canções. Seja como for, não fazia diferença. O importante é que os clipes eram sensacionais.
No vídeo, quatro aberturas míticas...
Monday, October 08, 2012
Segunda Mão - Do dia em que eu vi um extraterrestre
Texto enviado por Diogo Oliveira Santos
Você algum dia já pensou na
possibilidade de se deparar com um extraterrestre? Ou não necessariamente um
extraterrestre, mas algo que seja desconhecido, sobrenatural? Pois bem, eu
passei por uma experiência assim. Independentemente de se acreditar na
existência de espíritos, ETs e outras entidades, não é possível prever qual
será sua reação numa situação real. Talvez você ache que irá encarar o ET com
coragem, pedir para conhecer sua nave e tentar tirar uma foto dele para colocar
no Facebook. Talvez você encare o fantasma com naturalidade, e caso seja de
alguém conhecido que se foi, ache que irá engatar uma conversa nostálgica.
Esqueça. A realidade mostra que não nos conhecemos em situações completamente
inesperadas.
Eu acredito que vidas em
outros planetas possam existir, mas de modo teórico: que devam existir, mas que
eu nunca vá conferir nesta vida. Por isso, nunca perdi tempo pensando em como
reagiria numa situação real. Mas o que eu passei me permitiu saber como eu
reagiria (ou, como reagi).
Foi há cerca de nove anos.
Eu estava numa festa de formatura na cidade de Marília. Festa de uma amiga de
minha esposa, que na época era minha namorada (a esposa, não a amiga). Por
volta de uma hora da manhã, eu estava com muito sono e resolvi ir embora. Não
tinha bebido, mas estava ligeiramente embriagado de sono. Eu voltaria para
Assis, cidade da minha esposa. Um trajeto de mais ou menos 70 quilômetros. Saí,
a estrada é vicinal, deserta. A primeira metade, saindo de Marília, tem uma
séria de curvas suaves, com aclives e declives longos. Depois de uns 30
quilômetros, há um paredão rochoso, uma espécie de cânion (que inclusive
poderia ser explorado turisticamente, pois é muito bonito), com diversas curvas
fechadas. Nesse trecho, a estrada passa pelo meio da rocha, espremida entre os
dois paredões.
Logo após a curva, uma
pequena reta e a cena: eu seguia a não mais de 70 km/h quando vi, exatamente no
meio da estrada, uma luz amarelo-clara se movendo a cerca de um metro e
cinquenta do solo, sem padrão definido. Da direita para a esquerda, para cima e
para baixo, fazendo círculos. Eu estava utilizando os faróis baixos, o que na
minha perua Escort, de iluminação precária, significava visão para não muito
além de uns sete metros. A primeira coisa que me veio à mente não foi a visão
de um extraterrestre, mas um sentido de alerta para algo que eu não sabia o que
era. Olhei para minha esposa para conferir se ela também tinha visto; estava
dormindo. Me encontrei numa situação de perigo que tinha de ser resolvida em
segundos: o carro andando, não queria acordar minha esposa para não assustá-la,
mas não podia enfrentar algo que naquele momento eu sabia ser um ET com a cara
e a coragem. Minha reação foi reduzir bruscamente a velocidade e acender os
faróis altos. Nessa hora eu estava com medo sincero de ter de enfrentar algo
desconhecido no meio do nada. Não queria manter contato, por mais amigo que ele
pudesse ser. Tomei a decisão de me aproximar devagar, e se algo muito estranho
se delineasse, manobraria e voltaria imediatamente. Tudo isso se passou na
minha cabeça em menos de um segundo. Então, assim que acendi os faróis altos e
fui me aproximando, vi que o extraterrestre tinha formas humanas. E usava
farda. Era um policial rodoviário, segurando na mão um daqueles bastões
iluminados. Um carro estava capotado, de ponta cabeça, no meio da estrada. Meu
nível de adrenalina, que havia me preparado para enfrentar a divisão Panzer,
diminuiu. Nessa hora minha esposa acordou, pela redução da velocidade, e
agradeci por não ter de enfrentar algo inédito.
Nossa
mente é poderosa e misteriosa. Naquele momento, eu realmente vi um alienígena.
Foram frações de segundo, mas eu vi. E a sensação não foi nada agradável. Cada
pessoa obviamente teria uma reação diferente. Mas o que eu posso dizer é que se
você acha que terá controle total da situação, melhor repensar.
Próximos textos:
15/10 - Feijão
22/10 - Emerson
29/10 - André
5/11 - Adriana
Sunday, October 07, 2012
Parceria...
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Tuesday, October 02, 2012
O domador de motoboys
Nunca entendi como se comportam treinadores de cães, domadores de leões e alguns (bons) veterinários. Existe algo indecifrável no modo como eles se dirigem aos animais que faz com que sejam obedecidos. Uma espécie de aura hipnótica capaz de protegê-los dos instintos mais selvagens. Não sei se é algo adquirido ou inato – só sei que funciona e que é um talento que eu invejo: gosto de cachorros e bichos em geral, mas a recíproca nem sempre é verdadeira. Não que seja caso de ódio gratuito: os animais parecem apenas indiferentes à minha presença.
Se os bichos domésticos me ignoram, o mesmo não posso dizer de um perigoso animal da fauna urbana o qual nunca me causou transtorno: o motoboy - e a sua fêmea, a motogirl. Estou ciente de relatos os mais terríveis sobre a agressividade desta espécime – especialmente quando trafega em bando. Ocorre que nunca tive qualquer entrevero com a classe. Pelo contrário. À semelhança de um adestrador de feras, até hoje sempre fui tratado com surpreendente consideração e, creiam, gentileza. Trocas de faixa, ultrapassagens, sinal amarelo... Nenhuma discussão, até quando dei motivo. Mesmo na condição de pedestre, diga-se, as motocicletas chegam a parar para me dar passagem.
Curioso, no mínimo. Agora só falta eu me entender com os taxistas...
Monday, October 01, 2012
Segunda Mão - O que vem de cima
Texto enviado por Diogo Oliveira Santos
Moro em um
apartamento. E, como ocorre com todos os apartamentos que não ficam no último
andar, ouço claramente os ruídos vindos de cima. Tenho a impressão que a família
que mora lá tem uma vida social intramuros muito mais agitada que a minha,
considerando a frequência e duração dos ruídos. Eles provavelmente não têm sofá
ou cadeiras, o que os obriga a ficar em pé o dia todo, andando de um lado para
o outro para não provocar varizes nas pernas. Mas, como passo o dia fora de
casa, é à noite que a situação me chama a atenção. Ambas as famílias vão dormir
aproximadamente no mesmo horário, o que me permite acompanhar os preparativos
vindos de cima.
Sinceramente,
não consigo entender que situações poderiam produzir tanto barulho. O som não é
de passos com salto alto ou sapato de sola dura, por exemplo. É de coisa caindo
no chão. E coisa dura. É como se, todo dia antes de dormir, os objetos do
quarto fossem atirados ao chão, num ritual. Enquanto não durmo, fico imaginando
que objetos e materiais poderiam produzir tal ruído. Alguns que já me vieram à
mente: estátua de santo de madeira; cinzeiro de metal; celular Motorola PT-500;
paralelepípedo. Num exercício que sempre acaba me tirando o sono, vou testando
as hipóteses: não pode ser santo de madeira, pois são evangélicos; cinzeiro
também é difícil, pelo mesmo motivo, embora não haja regra nesse sentido; o
PT-500, bom, acho que nem funciona mais nas redes atuais de telefonia. Portanto
sobrou só o paralelepípedo.
Morar em prédio
é um exercício de cidadania e paciência, já que as pessoas são empilhadas umas
sobre as outras. Talvez eu produza ruídos que meu vizinho de baixo ouve e eu
nem sei. Dada a má qualidade das lajes das construções mais novas, muito finas,
talvez meus vizinhos de cima tenham um comportamento que até evite barulhos,
Mas que acabam ocorrendo de qualquer maneira. Por isso um pouco de tolerância é
bom. Aqueles minutos antes de pegar no sono são o momento ideal para analisar
os padrões e tentar descobrir se o incômodo é causado sem querer ou por má-fé.
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