Tuesday, July 31, 2012

Fim de filme




* * *  FIQUE TRANQUILO(A), NÃO CONTÉM SPOILERS  * * *


A expectativa pelo final do filme é sagrada, e isso é algo que todo mundo respeita. As pessoas matam umas às outras, mutilam animais, assistem A Fazenda - mas não contam o final de um filme.
Fim de semana. Estou em uma lanchonete a qual prefiro não revelar, comendo meu Whopper, quando dois amigos de um amigo se aproximam da mesa. Haviam acabado de assistir Batman. A gente faz a pergunta óbvia ("E aí, gostaram?") - mas o quanto a pessoa escolhe responder a partir disso é algo que foge ao controle. Fica a dica, porém: trata-se do tipo de pergunta que não se responde com detalhes. Especialmente detalhes do enredo.
Esse, aliás, foi o segundo maior spoiler de que fui vítima em minha vida de cinéfilo. O primeiro lugar, disparado, vai para o final de "O Sexto Sentido" escrito em letras garrafais na lousa do cursinho EASE, na Consolação, em um longínquo 1999. Inesquecível...


.

Saturday, July 28, 2012

Um dia de Bolt


Foi mais ou menos assim.


Aproveitando o clima de Olimpíada, recordo da primeira que disputei como atleta. Olimpíadas do colégio, é claro.
Eu me lembro, especialmente, de um ano em que houve provas individuais - abolidas nas competições seguintes. Entre elas, duas modalidades de corrida: a “maratona” (uma volta ao redor do quarteirão da escola) e os 100 metros rasos. Disputei ambas.
Na primeira, fracasso completo: fui ultrapassado por uma menina no final da Rua Gustavo Teixeira, já próximo à chegada. E elas largaram depois da gente, o que só piora a história.
Mas o meu forte era mesmo a curta distância. Foi quando cheguei ao triunfo máximo. Venci bateria atrás de bateria até me tornar o homem mais rápido do colégio. Ou, pelo menos, o da segunda série. Período da manhã.
Essa corrida talvez seja a minha primeira memória de competição esportiva. Engraçado como os detalhes se perdem e se fundem com outras recordações da época. Para ser sincero, nem lembro se a maratona e a corrida foram disputadas no mesmo ano. Ou qual veio antes. Mas eu lembro das sensações. Da alegria do momento; do orgulho e do sentimento de responsabilidade que eu passei a sentir sempre que apostava uma corrida no recreio. Havia um título a defender, afinal. Mas essa oportunidade nunca veio - como disse, as competições individuais foram abolidas.
E isso que dizer que ainda sou o mais rápido do colégio.



.

Thursday, July 26, 2012

A revolta da Josefa

Josefa, há 30 anos

Josefa é a diarista de casa. Semana passada ela descongelou a geladeira e esqueceu de voltar com a dita cuja na tomada. Isso foi na quarta, 18. Percebemos na segunda, 23, que havia algo errado. Entre comes e bebes, quase nada se salvou.

Esta quarta, Josefa atacou novamente. O mesmo alvo.

Chego do clube cansado, com fome. Poderia ter jantado fora, mas não quis. Sabia que havia comida caseira no congelador me esperando, importada de Sorocaba.
Coloco o refrigerante na mesa, prato, talheres; abro a porta do microondas. Quando vou checar o freezer... Não!!! Josefa strikes again. Acreditando que a minha comida era resquício da Era do Degelo, mandou tudo para o lixo. Culpa da Josefa.



.

Tuesday, July 24, 2012

A zona do crepúsculo



     Sábado, direção esportiva. Derrubei o celular no carro. Ele escorregou para baixo do banco, onde entraria em uma espécie de buraco negro. Não houve maneira de encontrá-lo. Sumiu, aprisionado (para sempre?) em alguma dimensão desconhecida.
     No dia seguinte, telefone sem fio à mão, disquei para mim mesmo. Apesar de ouvir o toque da campainha em alto e bom som, não pude alcançá-lo. Quando, finalmente, consegui estender o braço através do instável portal interdimensional aberto debaixo do banco do motorista... Voltei dali com algo além do celular. Trouxe com ele o cartão de estacionamento do prédio, desaparecido há dois meses. E que deu tanta dor e cabeça...
     Ironia do destino: o cartão substituto havia chegado no dia anterior.



.

Saturday, July 21, 2012

Logo ali



Devido, possivelmente, a algum insólito alinhamento cósmico, faz duas semanas que, diariamente, me pedem informação na rua. E são sempre dúvidas óbvias. Respondi três vezes para que lado fica o MASP.
Sigo, por enquanto, com um aproveitamento de 100%.
I'm going for the record.


.

Tuesday, July 03, 2012

Primeiro parágrafo




Foi quando, como em um sonho, saquei o celular do bolso e me senti muito mais do que um estranho, ou um estrangeiro. Senti-me um extraterrestre! Mal sabia eu que aquele insólito episódio não se tratava de sonho, ou pesadelo. Antes fosse, porque neste caso seria, para mim, um susto puramente incidental.  O fato é que um tormento em minha vida estava apenas começando. Algo extraordinário e desconhecido, e que parecia fadado a repetir-se indefinidamente. Algo que, por mais que eu me esforçasse, fugia absolutamente à minha compreensão. Os transeuntes encaravam-me enquanto eu tentava em vão telefonar para o escritório e explicar que eu não poderia comparecer naquele dia, ou no seguinte. Aliás, mesmo à época eu não tinha dúvidas de que a questão ia muito além de uma simples falta ao trabalho. Quem podia saber quando eu retornaria à convivência normal? Quem!? Eu sequer fazia ideia a quem recorrer, e era esta a medida do meu desespero e ignorância.



.